Monday, October 18, 2010

Leviana

menos que folha seca pisada
que a água que escorreu pelo ralo
menos que a poeira da calçada
que a jóia falsa do vassalo
tua palavra vale quase nada
vale o discurso que eu calo

Sunday, October 17, 2010

Não Enche

Me larga, não enche
Você não entende nada
E eu não vou te fazer entender...

Me encara, de frente
É que você nunca quis ver
Não vai querer, nem vai ver
Meu lado, meu jeito
O que eu herdei de minha gente
Eu nunca posso perder
Me larga, não enche
Me deixa viver, me deixa viver
Me deixa viver, me deixa viver...

Cuidado, oxente!
Está no meu querer
Poder fazer você desabar
Do salto, nem tente
Manter as coisas como estão
Porque não dá, não vai dá...

Quadrada! Demente!
A melodia do meu samba
Põe você no lugar
Me larga, não enche
Me deixa cantar, me deixa cantar
Me deixa cantar, me deixa cantar...

Eu vou
Clarificar
A minha voz
Gritando
Nada, mais de nós!
Mando meu bando anunciar
Vou me livrar de você...

Harpia! Aranha!
Sabedoria de rapina
E de enredar, de enredar
Perua! Piranha!
Minha energia é que
Mantém você suspensa no ar
Prá rua! se manda!
Sai do meu sangue
Sanguessuga
Que só sabe sugar
Pirata! Malandra!
Me deixa gozar, me deixa gozar
Me deixa gozar, me deixa gozar...

Vagaba! Vampira!
O velho esquema desmorona
Desta vez prá valer
Tarada! Mesquinha!
Pensa que é a dona
E eu lhe pergunto
Quem lhe deu tanto axé?
À-toa! Vadia!
Começa uma outra história
Aqui na luz deste dia "D"
Na boa, na minha
Eu vou viver dez
Eu vou viver cem
Eu vou vou viver mil
Eu vou viver sem você...(2x)

Eu vou viver sem você
Na luz desse dia "D"
Eu vou viver sem você...

(Caetano Veloso)

Monday, September 27, 2010

Emboscada

Criei uma armadilha
para minha surpresa
pensando ser brinquedo
essa cadeia-proeza

O pássaro tão livre
não soube brincar sem cair
na clara madeira em declive
de onde não logrou sair

Reclusa em finos laços
ave nessa teia presa
em teus galhos-braços
sou sim presa fácil

Solta nesse emaranhado
em grandes verdes folhas
e meu corpo acomodado
se põe cativo por escolha

Tuesday, September 21, 2010

Não consegui

quis te dizer tanta coisa
quis ser melhor do que sou
quis sentir a alma arder
quis esquecer o que passou

quis fazer você sorrir
quis você melhor do que é
quis ninar sua insônia
quis entender a sua fé

quis pra você ser só ouvidos
quis tocar seu coração
quis apostar na sua palavra
quis acreditar no seu perdão

quis saber o que você quer
quis ser algo perto disso
quis gostar da sua saudade
quis ser bem menos omisso

Thursday, September 09, 2010

Tudo sobre você (trilha sonora de Maromba)

"Queria descobrir
Em 24 horas tudo que você adora
Tudo que te faz sorrir
E num fim de semana
Tudo que você mais ama
E no prazo de um mês
Tudo que você já fez
É tanta coisa que eu não sei

Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

E até saber de cor
No fim desse semestre
O que mais te apetece
O que te cai melhor
Enfim eu saberia
365 noites bastariam
Pra me explicar por que
Como isso foi acontecer

Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

Por que em tão pouco tempo
Faz tanto tempo que eu te queria"

Thursday, September 02, 2010

Cisma

E do nada surgiu você
naquela fresta entre o mar de gente
já te quis ali mesmo sem porquê
o sorriso e o cigarro só vieram pra somar
e a tatuagem veio mesmo pra me derrubar
com o tempo o sorriso tomou conta de você toda
e veio compensar a sua falta de palavras
a voz, o seio... eu que fiquei sem palavras
mas foram teus olhos que me venceram de vez

Tantos possíveis amores desfilando soltos
e eu querendo teus olhos, presos em outros olhos
tantos papos menos furados que o seu
e eu querendo ser conteúdo pro teu vazio
tantos sonhos bem maiores e impossíveis
e eu aqui no chão aguentando a tua realidade
tanta rima, música e metáfora
e eu tendo que conter a minha poesia
por tua causa...

Faço um circuito procurando
os loucos motivos que poderia haver
pra sentir essa vontade de estar com você
não encontro amor, admiração
e tampouco paixão
e no fundo dessa pesquisa
descubro que não é amizade
nem tesão nem castidade
É cisma.

Cisma

E do nada surgiu você
naquela fresta entre o mar de gente
já te quis ali mesmo sem porquê
o sorriso e o cigarro só vieram pra somar
e a tatuagem veio mesmo pra me derrubar
com o tempo o sorriso tomou conta de você toda
e veio compensar a sua falta de palavras
a voz, o seio... eu que fiquei sem palavras
mas foram teus olhos que me venceram de vez

Tantos possíveis amores desfilando soltos
e eu querendo teus olhos, presos em outros olhos
tantos papos menos furados que o seu
e eu querendo ser conteúdo pro teu vazio
tantos sonhos bem maiores e impossíveis
e eu aqui no chão aguentando a tua realidade
tanta rima, música e metáfora
e eu tendo que conter a minha poesia
por tua causa...

Faço um circuito procurando
os loucos motivos que poderia haver
pra sentir essa vontade de estar com você
não encontro amor, admiração
e tampouco paixão
e no fundo dessa pesquisa
descubro que não é amizade
nem tesão nem castidade
É cisma.

Se eu pudesse escolher...

Ah se essa flor que desabrocha
no recôndito e soturno jardim
que descansa e pulsa em mim
enfeitar sem queixa, pudesse
os cabelos de quem bem merece

Dar-te-ia com todo meu carinho
o colorido dessas delicadas pétalas
pra acompanhar o sorrizinho
que sem delongas me entrega

Deixaria o perfume dessa flor
tomar conta da tua pele ilesa
e fazer-te-ia toda o meu amor
cor, cheiro, alma e beleza

Wednesday, September 01, 2010

Peça perdão de joelhos

Peça perdão de joelhos
que isso lhe seja doloroso
que isso soe humilhante
de outra forma
como saber que se arrepende?
Se o perdão vem fácil
reincidir no erro
fica ainda mais corriqueiro
Chore um tanto e soluce
perca a voz ao implorar
Diga que não tornará a pecar
prometa ser um bom menino
Curve-se em frente a quem fez mal
é o mínimo que deve fazer
demonstrar o quanto é pequeno
o sacrifício diante da dor
que a outrem causou
Não olhe nos olhos
de quem houvera ferido
antes que seu queixo seja puxado
E se tua absolvição se demorar
beije os pés do teu juiz
Peça perdão de joelhos
e nunca mais torne a ajoelhar

Tuesday, August 17, 2010

"Difícil não é lutar por aquilo que se quer,
e sim desistir daquilo que se mais ama.
Eu desisti.
Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar,
e sim por não ter mais condições de sofrer"

(poderia ter sido eu, mas Bob Marley escreveu primeiro)

Monday, August 09, 2010

Vazio material

É estranho o quanto me preenches
mesmo tua ausência
se faz presente em cada parte
Minha cabeça de ti anda cheia
e até meu estômago parece alimentado
pela dor de te perder
O vazio estufa o meu peito
e tem exatamente o tamanho que ocupavas
Sinto chutar no meu ventre
o filho que tu jamais me deste
e meus ouvidos ouvem declarações de amor
que minha mente suga da tua boca
E toda noite sinto a cama afundar
dois segundos após eu deitar
e deixo a ponta do travesseiro livre
e o lençol também faço sobrar
comento o filme da TV
com aquela cena típica de que gostas
E penso que sou louca
mais que por ti
de inventar tanta coisa
que entre nós jamais houvera.

Friday, August 06, 2010

Confissão íntima e sádica

Se quer saber
eu espero que você sofra
e só assim
teus pecados serão limpos
e você conseguirá o meu perdão

Não me venha com desculpas
já foram tantos erros iguais
e você nunca aprende
sempre faz sem querer
que tipo de criança é você?

Você desperta o sadismo em mim
com esse seu ar de cinismo
quero chicotear teu ego
e ferir tua auto-estima

Olha o que você me faz dizer...

Sunday, July 18, 2010

Dolência

É dor física
começa no átrio esquerdo
entope as artérias da alma
corre o infinito espaço da alma
que saturada
entrega aos poucos
o sangue
contaminado de dor
ao peito apertado do corpo fechado
cerrado de medo
aberto pra receber
as gotas amargas
vindas do mais íntimo lugar
onde não sei como
alguém conseguiu despejar
esse orvalho cortante
que transpassa a barreira do abstrato
e vem à carne
corroer-lhe cada pedaço
num mal generalizado
que lesa a pele
a saúde do corpo
o olhar, a vontade

É mal de amor perdido
aquele que se dá, se solta
e ele se perde distraído
porque desconhece o caminho de volta.





PS. Poesia antiga, que eu amo, e recordei um dia desses. Resolvi escrever aqui, assim meio fora de contexto, pra não confiar tanto que a memória vai continuar guardando-a com tanto apreço.

Friday, July 16, 2010

Tributo a(os) ecologista(s)

Bem merece uma homenagem
para que se sinta bem-vinda
e já começo nesta passagem
sem usar papel nem tinta

Golfinhos, baleias e focas
mais o mico-leão e o bem-te-vi
mostram uma pequena anedota
do que ocorre por aí

Não são os únicos, os animais
ameaçados a cada dia mais
ora pela ignorância,ora pela ambição
inobservância com a futura geração

As águas pintadas de preto
os ares borrados de cinza
o verde vai ficando sem jeito
e o azul se carboniza

Que se lutar, há tanto
e muito pouco pra colher
nesta vida, no entanto
você pensa no decorrer

Manter a serenidade
ser firme em cada batalha
e ver a biodiversidade
desabrochar com tua navalha

Altruísta é assim sonhar
com tão distante presente
que possivelmente receberá
outra mão bem mais à frente.

Tuesday, July 13, 2010

Alianças

Não existe dúvida nem poesia
não há sentido para a música
sem te encaixar na melodia

Sol e lua se confundem
e como num eclipse
amizade e amor se fundem

Ver-te tão feliz
sempre fora uma dádiva
mas agora cada sorriso teu
Chega em pontada ácida

Pois, por me considerar amiga
faz a devida questão
de me apresentar tua vida

Que frieza poderia correr
nesse peito que só respira por ti
se noutros braços, ao te ver
pudesse eu brindar e me divertir

E que expressão deveria
eu, de felicidade, fazer
ao receber a nova fria
que não serei eu a te ter

Para uma nova amiga

É lamentável
está tudo invertido
agora é tempo de desconfiar
antes de conhecer
condenar antes de ouvir
apontar e difamar
antes de se certificar

P-O-N-D-E-R-A-Ç-Ã-O
Onde ela foi parar?
Já que a confiança está extinta faz tempo
e o bom senso
ninguém nunca mais ouviu falar dele
Lamentável, lamentável...

Friday, June 25, 2010

Mais que a pena

Vem,vamos viver isso
de se descobrir
a cada encontro
esperar o toque do telefone
enviar mensagens sem assunto
se entregar do outro ao encanto

de se fazer sorrir
e falar sem parar
ansiar por um beijo
roçar as mãos e adorar

não vamos deixar que passe
esse tempo de tremor nas pernas
de dizer besteira e gaguejar
borboletas voando eternas

que por nada nesse mundo vale
deixar de viver
de sentir doer
e sentir prazer
tudo ao mesmo tempo
a cada passo novo
a cada sopro do vento

Tuesday, May 04, 2010

Lave as mãos

Então é assim?
Vem, abre as janelas
Deixa o vendaval entrar
E vai embora

Desse jeito?
Me fode a vida
Veste as roupas
E sai fora

Devolve a criança pro colo da mãe
Aos prantos
Sabendo que a encontrou sorrindo

Quebra o jarro da sala
E deixa seu irmão menor sozinho ao lado dele
pra levar a culpa por você

Atropela e passa por cima
Sem dar socorro

Atira bem no meu peito
E depois lava as mãos
Livra-se da pólvora,
Do sangue,
Da arma,
Da culpa,
Da vítima que te chateia,

Corra, fuja
Siga leve
Vai sem nada
Leva só tua covardia.