Sunday, July 18, 2010

Dolência

É dor física
começa no átrio esquerdo
entope as artérias da alma
corre o infinito espaço da alma
que saturada
entrega aos poucos
o sangue
contaminado de dor
ao peito apertado do corpo fechado
cerrado de medo
aberto pra receber
as gotas amargas
vindas do mais íntimo lugar
onde não sei como
alguém conseguiu despejar
esse orvalho cortante
que transpassa a barreira do abstrato
e vem à carne
corroer-lhe cada pedaço
num mal generalizado
que lesa a pele
a saúde do corpo
o olhar, a vontade

É mal de amor perdido
aquele que se dá, se solta
e ele se perde distraído
porque desconhece o caminho de volta.





PS. Poesia antiga, que eu amo, e recordei um dia desses. Resolvi escrever aqui, assim meio fora de contexto, pra não confiar tanto que a memória vai continuar guardando-a com tanto apreço.

Friday, July 16, 2010

Tributo a(os) ecologista(s)

Bem merece uma homenagem
para que se sinta bem-vinda
e já começo nesta passagem
sem usar papel nem tinta

Golfinhos, baleias e focas
mais o mico-leão e o bem-te-vi
mostram uma pequena anedota
do que ocorre por aí

Não são os únicos, os animais
ameaçados a cada dia mais
ora pela ignorância,ora pela ambição
inobservância com a futura geração

As águas pintadas de preto
os ares borrados de cinza
o verde vai ficando sem jeito
e o azul se carboniza

Que se lutar, há tanto
e muito pouco pra colher
nesta vida, no entanto
você pensa no decorrer

Manter a serenidade
ser firme em cada batalha
e ver a biodiversidade
desabrochar com tua navalha

Altruísta é assim sonhar
com tão distante presente
que possivelmente receberá
outra mão bem mais à frente.

Tuesday, July 13, 2010

Alianças

Não existe dúvida nem poesia
não há sentido para a música
sem te encaixar na melodia

Sol e lua se confundem
e como num eclipse
amizade e amor se fundem

Ver-te tão feliz
sempre fora uma dádiva
mas agora cada sorriso teu
Chega em pontada ácida

Pois, por me considerar amiga
faz a devida questão
de me apresentar tua vida

Que frieza poderia correr
nesse peito que só respira por ti
se noutros braços, ao te ver
pudesse eu brindar e me divertir

E que expressão deveria
eu, de felicidade, fazer
ao receber a nova fria
que não serei eu a te ter

Para uma nova amiga

É lamentável
está tudo invertido
agora é tempo de desconfiar
antes de conhecer
condenar antes de ouvir
apontar e difamar
antes de se certificar

P-O-N-D-E-R-A-Ç-Ã-O
Onde ela foi parar?
Já que a confiança está extinta faz tempo
e o bom senso
ninguém nunca mais ouviu falar dele
Lamentável, lamentável...