Sunday, July 18, 2010

Dolência

É dor física
começa no átrio esquerdo
entope as artérias da alma
corre o infinito espaço da alma
que saturada
entrega aos poucos
o sangue
contaminado de dor
ao peito apertado do corpo fechado
cerrado de medo
aberto pra receber
as gotas amargas
vindas do mais íntimo lugar
onde não sei como
alguém conseguiu despejar
esse orvalho cortante
que transpassa a barreira do abstrato
e vem à carne
corroer-lhe cada pedaço
num mal generalizado
que lesa a pele
a saúde do corpo
o olhar, a vontade

É mal de amor perdido
aquele que se dá, se solta
e ele se perde distraído
porque desconhece o caminho de volta.





PS. Poesia antiga, que eu amo, e recordei um dia desses. Resolvi escrever aqui, assim meio fora de contexto, pra não confiar tanto que a memória vai continuar guardando-a com tanto apreço.

4 comments:

Tamyres Ayres said...
This comment has been removed by the author.
Tamyres Ayres said...

Esse eu tive o prazer de conhecer, há tempos atrás, ouvindo de ti...
Um dos melhores, sem dúvida, em intensidade.

PS: Deculpe ter removido o anterior... Havia um erro quando o publiquei!

Tamyres Ayres said...

Como brasa que queima
A pele antes tatuada
Da tua palma que a tocava
A vontade ainda teima!

Os olhos marejados
Pela brisa, ainda
fazem rolar as ondas
de lágrimas do meu olhar.

Dentro, fora, pelos lados
Queiras tu ser minha guia
Donzela do Graal, todas as notas
Canta a mim nesse teu alegrar.

Ou em tua outra face -
Dhatisvari -
Deusa hindu da sabedoria cristalina,
As águas do meu mar invade,
Governa o oriente da minha Vida...

Que daqui da terra vejo
Traduzir-se à luz da lua
a Verdade
desses teus olhos que desejo,
Luna...

E podes não ser dona dela,
Minha doce e linda donzela,
Mas essa verdade tão bela
Está nesses seus olhos, pois
Divindade
Sei que sois.

Tamyres Ayres said...

...Atemporal...

A circunstância
De tudo revisitar,
Na primeira vez
De longa viagem
atemporal,
Num tempo depois,
Onde se anunciasse
A estrela
cogitada.
No sonho
De todas
as manhãs.

Todos os dias
Ali ela estaria,
Antes do sol
nascer,
Para
o festival
Das luzes
E cores.

Sim,
Flores
e estrelas
De intensa
alegria,
Tornam-se
Em certeza
da Vida.

Eu seguiria
assim
O ritmo
e melodia,
Todos os movimentos
enfim
Dos passos
da menina.
E a voz
No uníssono
dos encantos,
Feito magia,
Tudo transformaria
Ao convergir
Em torno
Da essência de teu nome.

Palavras
Não saberia encontrá-las
Para nomear
O bem
que me fazes.

Bruxa ou fada
entre tormentos,
Tantos de água
fluindo
Ou ventania,
Juro eu não
saberia.
Assim
Se o mar
me levasse,
Ou o vento
De infinitos,
Só a esperança
Do teu encanto,
Em cantos
Me guiaria.