Saturday, May 31, 2008

Aqui com o meu divã

Queria sair de vez desse estado de dormente abatimento. Eu tento, saio, encontro amigos, às vezes me divirto, mas é um estado latente que sempre vem à tona. Mais cedo ou mais tarde ela bate. Ela é tão cruel, não me deixa pensar em mais nada que me faça bem. E é uma vontade sem fim de chorar, de me trancar em mim, de fechar a porta com o mundo inteiro do lado de fora. Não quero ver ninguém, não atendo telefone, não abro email. Tenho medo do que vão me dizer. Raras vezes me sinto disposta a assistir aulas, comparecer a reuniões. Tudo demanda um grande esforço, uma ação prévia de auto-motivação. E durante os eventos sociais é comum que eu me sinta distante e não me integre, embora eu finja muito bem.
Uma pequena pressão vinda de alguém, seja por trabalho ou amizade, já me deixa acoada, me faz recuar, me acovardo com facilidade. A força que eu costumava ter para aprender coisas novas, me enfiar de cabeça nos desafios, enfrentar obstáculos, parece ter escorrido pelos dedos.
Diferente de antes, tenho remoído problemas e desgraças, ao invés de gastar a maior parte do tempo encontrando soluções.
A perda do meu pai, logo em seguida a da minha mãe, o golpista do meu ex-padrasto que não me desce, a falta de apoio famiiar, o peso de ser mãe repentinamente, cuidar da casa, administrar bens e caos, as contas, e ainda amor não correspondido, falta de perspectiva profissional, conflitos interpessoais, esse sono excessivo que sinto, o barulho da rua que me irrita demasiadamente, meu anjinho rebelde longe e sem dar notícias há 3 meses...
Como sair dessa cova arenosa?

Friday, May 30, 2008

My baby girl,

Nem sei por onde começar. Disseram-me pra não falar de saudade, mas como se é a primeira coisa que me vem à mente quando pendo em você? Para não causar muita polêmica poderíamos trocar essa palavra proibida por algo mais ingênuo. Pensei em uva.

Agora posso dizer que sinto imensas uvas de você, tantas tantas que dava até pra fazer um bom tinto seco.

Não te escrevi antes, porque não sabia pra onde mandar... em que lugar do mundo você se escondera. Finalmente tiveram dó das minhas uvas e me deram um endereço pra pôr no destinatário da carta.

Eu tenho estado bem, às vezes mal, outras bem uhu! pra cacete, outras querendo me trancar e deixar o mundo se explodir lá fora. Montanha-russa emocional, disso você entende mais que eu. Mas eu espero de verdade que você esteja serena... e da melhor forma possível...ai como isso me preocupa.

Quero saber TUDO. Sempre quis, você sabe. Eu preciso saber tudo que tem passado com você nesses dias. E já se passaram quase três meses. Como você chegou aí? Foi por bem, foi por mal. Foi o que? Como é o ambiente? Tipo aquele sítio de Iguapimirim (era Iguapimirim? Sempre confundo com Itapemirim e outros mirins). Tipo hospital. Tipo casa. Tem muros, tem grades? Como é a sua alimentação? Você tem tomado remédios? Tem amigos? Quem cuida de você? Em que se baseia o tratamento?

Além de todas essas dúvidas estruturais, quero saber como você tem se sentido. Tem tido tempo e energia para a música? Tem escrito e colocado seus sentimentos no papel? Espero que sim...

Engraçado como as pessoas se tornam peças-chave em nossa vida. Vivi anos sem nem saber que você existia, depois que meus olhos e ouvidos foram apresentados a você, não posso imaginar minha vida sem pôr novamente os olhos em você e os ouvidos em tua voz.

Mais engraçado ainda são as situações em que me colocam: “Olha a minha namorada como canta bem” diz um, “Olha o meu filho como tem talento” diz outro... sempre penso “Ah se eles a ouvissem cantar”. Ninguém canta como você. Pelo menos nenhum dos ilustres desconhecidos do público que me são apresentados. Claro que Marisa Monte te ganha, mas ela teve aulas com a Maria Callas... vamos respeitar.

Peço três coisas a você: que me escreva o mais breve possível; que tenha força de vontade para ficar limpa forever; que não deixe que jamais mexam na tua essência, não se torne um zumbi, uma Luana, um Peter Pan, please. Quero que você volte alegre, falante, saltitante... senão eu vou te sacudir hein, garota!!! Antes um centauro que uma lesminha rs.

Você continua nas minhas orações. Não esqueça de rezar pelas pessoas que precisam... existem mais pessoas sofrendo no mundo, nunca se esqueça. Não se tranque no seu egoísmo, lembra?!

Fora isso a ti ainda cabe um bom lote no meu coração.

Um beijo, um abraço e um goiabinha,

Eu Mim Comigo.


Sunday, May 11, 2008

Por um fio

Sabe o que nos prende a eles? É esse fio maldito.
Esse finíssimo pedaço de corda.
Nós sabemos que não temos chance, que as coisas seguirão iguais,
mas ainda assim, ao menor sinal do outro,
a gente se abre em sorrisos e já fica sonhando acordado.
Culpa desse fio de esperança que parece tão frágil, mas que nada arrebenta.
E a gente se agarra nele, porque é o que temos,
e segue vivendo, tentando pensar em outras coisas, nos dar outras chances,
como se fosse possível seguir sem cortar o fio.
O fio que nos ajuda a continuar, mas também nos prende.

Tuesday, May 06, 2008

Noite passada

Vê as marcas no meu pescoço
era eu tentando te esquecer
não consegui nem por um segundo
e talvez você nem imagine
que era você na cama comigo noite passada

Mantive os olhos fechados
e até teu cheiro eu consegui sentir
tuas mãos eu as queria mais suaves
e teu beijo não acertava o ponto
mas era você me encarando todo tempo

Eu sorri tantas vezes
quando era exato o teu peso sobre mim
e não abria os olhos
pra você não escapar de jeito algum
Eu te segurei com toda força, você sentiu?

Teu nome eu repeti sem falar
e teus olhos tão negros
me sugaram até a perda dos sentidos
Depois você foi embora sem se despedir
e eu sonhei como seria te ter com os olhos abertos.