Thursday, July 28, 2005

Why, honey, why?

Por que te afliges
se o que desejas
eu também quero
se é a tua voz
que prefiro ouvir
se é a tua boca
que beijo até em pensamento
se é a tua mão
que tem o calor que preciso?

Wednesday, July 27, 2005

Alto Paraíso

Tô meio sumida, eu sei. Estava em viagem. Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso, Goiás. Sob o clima implacável do cerrado. Implacável pra uma carioca acostumada com o sol e a brisa do mar. Lá o clima vai do calor dantesco ao frio de paralisar as pernas de cãibra. Eu socava as pernas de madrugada pra ver se assustava a dor e ela me deixava, finalmente, dormir. Não adiantava. Eu tinha que esperar a boa vontade dos músculos. Descontração. De manhã acordava suando...e tirava a coberta, e tirava o casaco, e tirava outro casaco, e tirava a blusa de manga, e tirava a calça de cima, e tirava a calça de baixo, e tirava a meia. Calor, calor. O calor me expulsava da barraca. Banho gelado de cachoeira. Agora sim o dia começa bem. Tuntz...tuntz...muita música e suco de manga. Me esbaldei. Conheci amigos novos. Gente lenta. Gente rápida. Gente de lua. Gente que vivia no mundo da lua. Tremendo a cabeça, socando o chão com o pé, movimentando o ar com as mãos. Uns virando os olhos, fazendo caras de bobos, falando "sacoé?" no final de cada frase... gente engraçada, gente zen, gente agitada, gente moderna, gente careta, gente que nem sabe o que é, gente que segue a maré. Olhos vermelhos, vidrados ou perdidos em meio a poeira que dançava entre todos, amarelando as roupas sempre muito coloridas ou pretas. Uns não dormiam - algum dia vão descontar todas essas horas - outros viviam em estado de preguiça. Todos se espalhavam até os limites dos cercados, ora em harmonia, ora em contraste com a natureza. Encontravam-se na clareira, dominada pelos seus ídolos que quase estouravam seus miolos com sons tecnológicos. Isso era o homem no meio da vegetação selvagem. O frio anunciava o cair da noite. E tome cachecol, sobretudo, luva. Dançar pesado de roupa e manter o rítmo é um desafio e tanto. Não podia faltar....beijos e beijos na boca de quem se ama. Fazer amor pra espantar o frio do fim da tarde. Dançar e dançar...e se perder. Dançar e esquecer que se tem uma vida em outro lugar a tua espera. Dançar e esquecer de tudo. Sorrir pra quem não conhece e dançar olhando pra ele (ou ela) de longe, com cumplicidade. Foram dias passados em off. Dias de esquecer os problemas, o trânsito, as CPIs, os atentados terroristas, a falta de grana, as obras da prefeitura etc. Porque quando você volta....os jornais ainda têm as mesmas notícias, a TV exibe os mesmos clichês, as pessoas se preocupam com as mesmas coisas. Eu não perdi nada com a viagem. Alguns amigos perderam neurônios. Ganhei, isso sim. Ganhei coisas boas pra lembrar e um bando de picadas de mosquito.