Monday, April 06, 2020

Porquê de a natureza inventar a paixão


          

                                               Dentre tantas considerações sobre os sentimentos humanos, tenho pensado que a paixão é um estratagema da natureza para que a gente conheça o amor. Neste século mais do que nunca.Vou explicar. Essa é a parte mais curiosa, porque ultimamente não temos tempo pra ouvir as pessoas, tempo para de fato parar e escutar alguém falar, olhar seus gestos com carinhosa atenção, compreender seus atos em detalhes...e que força mais poderosa seria capaz de fazer você, ocupado com todas as distrações da vida, voltar-se para oferecer todos os seus sentidos a alguém por instantes, horas, dias? E reviver esse contato a cada momento,  estudar os meandros,  repassar em sua mente, como matéria nenhuma da escola, faculdade e vida lhe causara antes interesse? - A paixão - Só ela é capaz de silenciar as distrações do mundo, de nos fazer parar e entregar toda nossa atenção ao outro, dando a oportunidade para o amor entrar pela pele, pelos ouvidos, pelos olhos até enfim atingir a nossa alma. A paixão é pausa. O amor é a vida que continua.

Wednesday, April 12, 2017

Dedos entrelaçados


Procuram-se assim as mãos
Conversas ao pé da libido
Desculpas para o toque tímido
Relances de comunhão
Dedos entrelaçados omitidos
E ninguém pra salvar meus sentidos
Dessa cena sem noção


Sunday, February 01, 2015

Sutilezas

Isso que ela me traz
Chega a ser indecente
Toda essa paz
Afronta a essa gente
Não que seja vulgar
Mas a gente se acostuma
A amar discretamente
Mesmo quando se quer gritar
E evoluir o mundo doente
Se desculpa pra se esconder
Se razão pra aumentar a poesia
Brincar de nascente e poente
Um jogo de mostrar e ser sutil no dia-a-dia
Que nem diz a verdade nem mente
Escancara em metáforas e metonímias
A ousadia e a delícia do que se sente

.

Thursday, August 28, 2014

Por Eliza

Amar Eliza é perder-se
Retirar todas as roupas do armário
Doar os vestidos antigos
E depois encontrar-se
Linda, despida e sem cenário

Amar Eliza é reconhecer a própria dor
Porque uma igual ela sente
É  entender-se triste
E descobrir-se feliz de repente

Amar Eliza é ser grata
Por sentir as palavras voltarem a fazer sentido
E por caber-se em paz só de lembrar teu aconchego
Mesmo em face da maior solidão e perigo

Amar Eliza é ter força
Diferenças tolas para enfrentar
Números abstratos
E o julgamento de quem só queria estar em meu lugar

Amar Eliza é estranhar-se
E sempre fazer o que nunca fazia
Permitir-se inovar
Se reinventar sem covardia

Amar Eliza é dar bandeira
Mostrar ao mundo que sou dela
E achar que ninguém repara
Quando o que se tem é orgulho em tê-la

Amar Eliza é estar vulnerável
Por querer estar desse jeito
E nada fazer para evitar
Porque assim se goza cada brisa com efeito

Amar Eliza é amar
e inevitavelmente amar para sempre
amando ser amada e amar
o amor que se ama, um amor valente

.

Tabu

Querer o que o outro quer
nem sempre é veramente querer
O risco de cair é a chance de voar
Estava escrito num muro da cidade

Dê-me a sua mão
Vamos nos arriscar
Esqueça tudo e deixa o corpo cair
Amar é vida
Mas também uma maneira de morrer

Confia na minha força
Eu serei teu vento sem deixar de ser abrigo

Vem, minha fada encantada,
cair no meu abraço eterno até que sejamos felizes e fim

Mostrar-te-ei como é tocar o céu
E ainda pisar em flores
Pode acreditar, o paraíso existe, estive lá
Pode acreditar, teu beijo existe, estive lá

Nem precisa falar se é tabu
Nem precisa falar

Fecha os olhos e vem ser meu infinito
Vamos por aí planar

Pra lua te ver

A lua se exibe
Para chamar tua atenção
Sorri de um lado
Sorri do outro
Abre um sorriso grandioso e radiante
Por copiar-te, uma aflição

A lua te inveja
Experimenta o teu mistério
Uma nova maneira de homenagear
Teu encanto de mulher
E então desaparece
Na escuridão do etéreo

Frustrada por não ser você
Mas decidida a te adorar
Reage Timidamente
No quintal das estrelas
Se abrindo, se abrindo
A sua concorrente
Até ficar cheia de si mesma

Entenda, bela
A lua busca nos teus olhos inspiração
Pra ser lua
E brilhar
Empresta tua beleza pra lua, vai
Não seja má

.

Relógio tirano

Tum tum tic tac
Coração contando as horas
Quando se quer o tempo apressado
Ele senta no meio fio e ri de você
Len
ta
men
te
Tum tic tum tum tac tum
Se o senhor não ajuda, Seu Tempo
Ainda morro dessa taquicardia
Rapdamnt

Medianoche

Espera, meu amor
A nossa hora vai chegar
E não passa de hoje, prometo
Essa noite rezarei a missa do galo em teu corpo
Em um confessionário secreto
Seleto pelos anjos do luar
Prepara, meu bem
Teus pedidos e bênçãos
Tranca o templo atrás de nós

É sagrada essa meia-noite a sós

Saturday, June 21, 2014

Depois do encontro

Não acredito em amores sofisticados. O amor só se prova na simplicidade, no pé descalço, no meio da chuva, na lama, debaixo da marquise, ao relento, no chão. Ora, o amor precisa de remelas, de enjoos, de medos, de dentes sujos após o almoço. Fora isso é ilusão, porque não se pode fingir a perfeição por muito tempo, e nem é justo deixar, ao outro, que ame uma imagem de você melhorado. Há de se olhar de perto os pequenos defeitos, os trejeitos sem jeito, o lugar onde o talento acaba, amar cada limitação do outro da qual se possa ser um complemento, onde se possa ser um motivo para a sua própria existência na vida imperfeita do outro. Amar é estar nu. Deixar-se contemplar as vergonhas. E permitir que até os interstícios sejam esquadrinhados. Não pode haver entrega maior.

Sunday, April 27, 2014

Não use Raul para justificar sua falta de opinião.

Seja maluco. Seja certinho. Seja o que tiver que ser, mas por favor não seja incoerente. Não suporto incoerência! Metamorfose ambulante é o cacete. Não é possível que se diga uma coisa ontem e hoje já não valha nada. Há de se ter algo em que se possa confiar como fixa, como essência. Se não sabe o que dizer, diga apenas a essência das tuas idéias. Essas não devem ser assim tão volúveis.

Wednesday, April 16, 2014

Mil inícios

Roda gigante
Carrossel
Coisa de criança

A espera de um sinal
Uma bandeira
Um convite

O primeiro
O segundo
O terceiro qualquer coisa

Contar momentos
Guardar dias
Memórias tolas

Um beijo
Aquele dia
O longo abraço

Expectativas
Ansiedades
O não querer

Mas eu não freio
Eu vou

Quero mil inícios