Wednesday, November 21, 2007

Nau sem rumo

De pé sobre ruínas
e pulso firme pra segurar
em qualquer vento que passe
e se faça motivo pra prosseguir

Minhas canoas afundaram
e meus braços já não alcançam o laço do mundo
uso um sorriso da boca pra fora
e lágrimas dos olhos pra dentro

As luzes da casa não fazem sentido
os quadros, a disposição dos móveis
esta tudo tão fora de ordem
tão fora de hora e sem lugar
quanto quem faz dessas paredes abrigo

Se alguém achar que estar solto é bom
é porque não conhece a sensação de não ter chão
uma planta sem raiz, rocha sem terra, planeta sem gravidade
estou à deriva num horizonte mais reto e eterno
que o olhar que se lança às estrelas

Jamais serei a mesma
por mais que eu tente parecer com aquela
essa não seria tão amada, querida, aceita
então uso essa roupa velha de mim
enquanto navego aqui dentro nesse barco sem mastro