É estranho o quanto me preenches
mesmo tua ausência
se faz presente em cada parte
Minha cabeça de ti anda cheia
e até meu estômago parece alimentado
pela dor de te perder
O vazio estufa o meu peito
e tem exatamente o tamanho que ocupavas
Sinto chutar no meu ventre
o filho que tu jamais me deste
e meus ouvidos ouvem declarações de amor
que minha mente suga da tua boca
E toda noite sinto a cama afundar
dois segundos após eu deitar
e deixo a ponta do travesseiro livre
e o lençol também faço sobrar
comento o filme da TV
com aquela cena típica de que gostas
E penso que sou louca
mais que por ti
de inventar tanta coisa
que entre nós jamais houvera.
1 comment:
Difícil nomear o sentimento
Já que não existe um átomo sequer
como é possível o nada
me dominar por completo?
Talvez o paradoxo tenha essa função
Contrapor e enlouquecer de forma maciça
Oferecer e depois retirar a mão
Enquanto te joga na areia movediça
Porque só assim para uma risada
conseguir disfarçar com maestria
a sensação de uma eterna melancolia
De respirar e sobreviver
com um oxigênio que age como veneno
Entorpece e corrói ao mesmo tempo
Uma raiva que tira as forças
coloca âncoras nos ombros sem ação
enquanto os joelhos vão de encontro ao chão
E é nessa contradição insuportável como sofrimento
que esse vazio e a visão da aparente indiferença
fazem o frio queimar por dentro
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