Monday, September 27, 2010

Emboscada

Criei uma armadilha
para minha surpresa
pensando ser brinquedo
essa cadeia-proeza

O pássaro tão livre
não soube brincar sem cair
na clara madeira em declive
de onde não logrou sair

Reclusa em finos laços
ave nessa teia presa
em teus galhos-braços
sou sim presa fácil

Solta nesse emaranhado
em grandes verdes folhas
e meu corpo acomodado
se põe cativo por escolha

1 comment:

Tamyres Ayres said...

Vou escrever aqui, porque cabe a este poema seu.

Ver-te ir e contrair os lábios em silêncio
não é superar-te, nem vencer-te.
Apertar as duas mãos em ânsia angustiada,
mas não dar um passo para demover-te
do ato de nos apartares
não é abandonar-te, nem recuar do voto de amor
que cresceu em mim porque viveste.

Assistir-te partir e só chorar depois
de estares longe, definitivamente alheia a mim,
não é que não quisesse dar-te a lágrima
que meu olho produziu dentro de ti
— o que seria, sem ti, das minhas lágrimas? —;

Deixar-te dar teu passo derradeiro
sobre meu mundo triste e complacente
é que eu não teria como te impedir —
que te amo como às flores bravas do meu mundo,
que se abrem à noite para colher brisa
e exalar seu raro perfume
livres da presença dos homens.