Thursday, March 29, 2012

Quanto tempo é preciso?


Quanto tempo é preciso pra se tornar especial pra alguém. Acha isso rápido demais?
Alguns minutos de chuva e lá está o arco-íris; Em segundos alguém se torna campeão olímpico; Uma fotografia perfeita precisa de um clique e dura pra sempre.
Tivemos a eternidade das horas noturnas. Você é estrangeira e meus fusos estão confusos.
Você aceitou meu convite pra beber, encantou meus amigos. Saímos duas vezes na mesma noite.
Dançamos, bebemos, rimos. Aventuramo-nos.
Meus fusos gostaram do estrangeiro: não durmo nem no Brasil.
A noite cresceu junto com a nossa amizade. Você me abraçou forte e pediu pra eu ficar. Disse que me levaria por toda cidade.
Fomos dormir. O quarto era o mesmo. Coincidência ou não, eram seis camas e só havia duas ocupadas.
Poucas horas de sono, não queríamos perder nada. Acordamos cedo. Tomamos café, você carregou minha mala até o metrô.
Meus fusos estavam confusos, mas eu queria atrasar mais duas horas no relógio de Greenwich.
Música regional no caminho. A sua cultura está estampada nas minhas fotos de turista bobo.
Chegada ao aeroporto. Abraço apertado, mas nada como pegar sua mão e te olhar nos olhos.
Não vai. É preciso ir. É hora de concertar os fusos. Quanto tempo leva até alguém se tornar eterno? Foi só o tempo de o teu sorriso esmagar as suas bochechas.

Friday, March 16, 2012

O pesadelo do poeta

E de repende as mãos travam
Diante do papel em branco
Como a voz do calouro
Ao vislumbrar a primeira plateia
A ânsia de escrever continua
Sem saber exatamente o que
Frases não vêm à cabeça
Tampouco temas... temas
Poemas alheios não quero ler
Não há dores, fadigas, amores
E o que é a vida do poeta sem
Questões, revoltas, rumores
Desesperada, procuro a lua
Mas hoje vaga naquela fase nova sua
É como se inexistisse
E as estrelas são tantas
Encobertas pelas nuvens
Os sons da rua
Apenas silêncios refugiados
Na imensidão da noite
Mas o que é o silêncio, a escuridão, a chuva
Sem um motivo pra metáfora?
A procura é em vão agora
O substrato dos versos
Dorme tranquilo a essa hora
E nem mesmo a solidão
Veio ter comigo esta noite
Um único pensamento insistia
Amanhã se quiser escrever terei de me arriscar mais
Eu rolava na cama sem saber se dormia
E rompendo o nada que pairava no ar
Uma voz em delírios ao fundo dizia
Vai, vive!
Sem conflito não existe poesia.

Wednesday, March 14, 2012

Deixa

Deixa-me sair daqui
Que se eu ficar
Inventarei mais um motivo pra sorrir

A vida é linda e a gente se gosta
Eu mais dela que ela de mim

Sou dessas de riso fácil, frouxo, largo
Capaz de comover tristezas com a minha alegria
Quem me conhece vai balançar a cabeça e sorrir agora mesmo
O caminho às vezes tem pedras em demasiado
E eu prefiro xingar a pedra que lamentar a topada

Deixa-me sair daqui, vai
Que as barreiras certos dias são grandes demais até pra mim
E eu quero saber dos danos
Meu jeito de saber é estando só
Entenda, eu adoro sorrir, mas
Meu único encontro comigo é a lagrima.